sexta-feira, 9 de abril de 2010

Um corpo Imperfeito


UM CORPO IMPREFEITO

Existe um corpo imperfeito,
Por ai a circular,
E o tesouro que esconde dentro,
Muita gente está longe de imaginar.

Se só para ele olhar,
Somente matéria verá,
Mas se nele mergulhar,
Um grande tesouro encontrará.

Seu ego também desconhecia,
O que com seu corpo faria,
Não comia nem andava,
Pois pensava que não conseguia.

Incomodava-lhe também,
A sua voz retorcida,
E das pessoas fugia,
Com medo de não ser entendida.

Desta viva pintura abstracta,
Por Deus um dia projectada,
Um espirito artístico vez dela,
Sua digníssima morada.


Assim daquela voz retorcida,
Que ninguém entende não,
Ele mete-lhe doces palavras,
Que tocam em qualquer coração.

Com aquelas mãos tremulas,
Que quase não consegue coordenar,
Consegue escrever e desenhar,
obras d’arte de encantar.

Aquele desengonçado corpo,
Que cai com uma corrente de ar,
Também no rio consegue,
Um pequeno barco remar.


Carla Marina Valadas Ferreira

Outubro de 2000

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